segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


Amigos

Que nossa grande mãe Oxum conceda a todos serenidade para agir de forma consciente e equilibrada,e como as águas doces – que seguem no curso de um rio, entrecortando pedras e se precipitando numa cachoeira, sem parar nem ter como voltar atrás, apenas seguindo para encontrar o mar que assim seja que ela possa dar forças a todos para lutar por seus sonhos.

Ora Ye Yêo Oxum!!!!

Oração

Senhora das cachoeira, Linda e maravilhosa Oxum,afasta de mim todo o mal que no momento me aflige.Que eu seja abençoado com a tua bondade e justiça.
Que em nome de oxala muitas vezes aclamas por todos aqueles que te amam.
Peço-te que, neste momento, derrames sobre mim, Oxum, o teu olhar misericordioso.
Que as tuas aguas acalmem a minha pobre alma e que neste momento eu receba a graça que tanto espero.
Aprendi esta oração aos 7 anos com minha avó,dona Dolores do xangô,tenho tanta fé e a mãe oxum nunca me desamparou,nem a mim nem aqueles que são cobertos pelo seu manto.
Desejo a todos que visitam este blog tenham um ano doce como mel e calmo como as aguas de oxum.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Dia da consciencia negra







Estas atividades propicio no decorrer do ano aos meus alunos
afinal somos negros 365 dias do ano

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um projeto para trabalhar o ano inteiro

Educação Infantil e 1º ano Ensino Fundamental

Semana da Consciência Negra

- Pesquisa em jornais e revistas das palavras: Trabalho, escravo, Brasil, Portugal e África.

- Identificação de palavras pesquisadas através de caça-palavras

- Leitura do texto “Zumbi pensava diferente”

- Observação do mapa mundi para localização do Brasil, África, Portugal.

- Decomposição da palavra PALMARES para formação de novas palavras.

- Roda de conserva enfocando a diferença entre o dia 13 de maio e o dia 20 de novembro

- Tentativa de escrita de palavras

- Registro de numerais comparando quantidades

- Exploração do calendário mensal

- Exploração do calendário anual com observação de datas que marcam a história de negro

- Construção de um glossário com palavra de origem africana

- Rodas de conversa enfocando a irmandade dos homens, que todos somos iguais.

- Exposição de ervas presentes principalmente na cultura afro

- Contagem de número de letras das palavras

- Localização identificando distâncias: Perto longe a partir da fala do narrador ao afirmar que os negros cativos vinham de muito longe.

- Pesquisa de gravuras ou fotos que demonstrem atos fraternos entre brancos e negros.

- Audição da música “O conto das três Raças” (Clara Nunes) entre outras.

- Exploração de sons afros: tambor, atabaque, berimbau.

- Ilustração da História Tempo de Escravidão (através de pintura com guache)

- Confecção de fantoches com perfil afro;

- Construção de retrato étnico da turma: produção de mural com fotos e frases que traduzem as características étnicas e culturais das crianças;

- Formação de painel coletivo com personalidades negras que alcançaram a fama;

- Construção de maquete de um quilombo;

- Confecção de chocalhos, atabaque e berimbau.



Literatura: Sugerimos as histórias: O ratinho branco e o grilo sem Asas; Menina bonita do laço de fita e a lenda Negrinho do Pastoreio.



"A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei".

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dilma e a Educação

Congresso do PT, em Brasília (DF), deu ênfase ao projeto do partido para as crianças e jovens. “Os jovens serão os primeiros beneficiários da era de prosperidade que estamos construindo. Nosso objetivo estratégico é oferecer a eles a oportunidade de começar a vida com segurança, liberdade, trabalho e realização pessoal.” As políticas públicas devem ser voltadas aos mais de 50 milhões de jovens brasileiros e suas crianças. “Um País se mede pelo grau de proteção que dá a suas crianças. São elas a essência do nosso futuro. E é na infância que a desigualdade social cobra seu preço mais alto. Crianças desassistidas do nascimento aos cinco anos serão jovens e adultos prejudicados nas suas aptidões e oportunidades. Cuidar delas adequadamente é combater a desigualdade social na raiz.” É isso que queremos.
Penso que a Educação de nossas crianças não deveria ser projeto de partido e sim do país ,ou seja,indepedente do governo a educação deveria ser prioridade.Estamos de olho...

Um pouco de poesia na sala de aula

Pessoas são Diferentes

São duas crianças lindas
Mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
A outra é cheia de dentes...
Uma anda descabelada,
A outra é cheia de pentes!
Uma delas usa óculos,
E a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
A outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
A outra corta eles rentes.
Não queira que sejam iguais,
Aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
Mas são muito diferentes!

Ruth Rocha


Como trabalhar com poesia?

• Brincar com as palavras
(achar uma palavra dentro da outra)
• Reconhecer palavras que rimam
• Criar rimas
• Fazer acrósticos
• Trabalhar também o desenho (ilustrar um poema)
• Formar palavras substituindo vogais
• Explorar a diferença entre canção e poema
• Trabalhar noções do real e imaginário
• Colocar poema na ordem correta
• Montar acróstico
• Ordenação de versos
• Escrita de texto lacunado
• Criação de poema

O que a poesia nos dá?

• Ajuda a romper modos convencionais de percepção e
julgamento.
• Faz com que vejamos o mundo e as pessoas com novos
olhos ou descubramos novos aspectos deles.
• Pode dar-nos uma consciência mais ampla dos nossos
sentimentos profundos.
• Possibilita o exercício de reconhecer-se no outro --
elemento fundamental da arte.
• Discernimento do limite entre realidade e criação.
• Multiplicidade de gêneros poéticos (e textuais) -- poesia
concreta, soneto, haicai, poema musical etc.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Poesia - Diagnóstico

Não estou louca!
Longe disso.
Apenas decidi amar-te
E lembrar-te, sem culpa,
Sempre que meu espírito
Por ti clamar.
Se isso é loucura,
Estou diagnosticada.

Irina Sopas

Gosto de poesia e sou fã de Irina

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Os analfabetos tem vez?


Vamos ler o bordão abaixo:
“Vote em Tiririca. Pior que está não fica”. O segundo é “Você sabe o que faz um deputado federal? Eu não sei, mas vote em mim que eu te conto”.
“De acordo com a Constituição, os analfabetos são inelegíveis e, portanto, não podem se candidatar e receber votos. Por lei, os candidatos são obrigados a apresentar à Justiça Eleitoral um comprovante de escolaridade. Na ausência de comprovante, devem demonstrar capacidade de ler e escrever.”
Talvez Tiririca seja apenas iletrado. Mas afinal o que quer dizer ser iletrado? Iletrado quer dizer não ter cultura ou não saber ler e escrever, não conhecer as letras?
Mas não era o governo nos âmbitos federal, estadual e municipal que deveria dar conta da erradicação do analfabetismo?
Penso que o analfabetismo não pode ser considerado como uma doença a ser erradicada, mas um problema social a ser resolvido pelos dirigentes de nossos pais, para que o cidadão possa viver com dignidade humana e exercer a sua cidadania como, por exemplo, candidatar-se sem ser alvo de chacotas ou de promotores que ao invés de preocupar-se em descobrir como uma pessoa chegou aos 45 anos de idade sem aprender a ler ou escrever como muitas pessoas da periferia as quais conheço que, não tem direito a exercer sua cidadania e ficam a mercê dos programas sociais do governo, por que isto PODE. Ser palhaço é profissão neste país, pode ate contribuir com INSS desde que não queira praticar política
Enquanto assistimos os sujos se beneficiando da lei da ficha limpa percebemos que no Brasil se tu não fores branco, bonito, falar direitinho adorar maracutaia não se tem vez.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Até quando?


ONU conclui investigação sobre estupro em massa no Congo

Nações Unidas - O Conselho de Segurança das Nações Unidas receberá terça-feira o relatório da investigação sobre o brutal ataque perpetrado por grupos armados rebeldes na República Democrática do Congo, no qual mais de 240 civis foram violadas a apenas 30 quilómetros de uma base da missão da ONU.

O secretário-geral adjunto para Operações de Paz do organismo, Atul Khare, que lidera a delegação enviada ao Congo, será o encarregado de explicar ao órgão sobre este acontecimento.

Segundo números preliminares divulgados pela ONU, das mais de 240 vítimas, 28 eram menores de idade e quase todas eram meninas entre 12 e 17 anos.

O ataque foi realizado por guerrilheiros congoleses Mai-Mai e das Forças Democráticas para a Libertação de Rwanda (FDLR) e aconteceu entre os dias 30 de Julho e 2 de Agosto contra várias aldeias da província de Kivu Norte, uma região remota e complicada do leste do país.

A missão da ONU na República Democrática do Congo (Monusco) assegurou que não teve conhecimento da agressão até uma semana depois do incidente, apesar do acontecido ter ocorrido num povoado próximo a uma de suas bases.

O Conselho de Segurança expressou recentemente o seu mal-estar pelo ocorrido e pediu uma declaração conjunta e unânime que as circunstâncias sejam esclarecidas, assim como a conduta dos "capacetes azuis".

Para isso, a organização enviou uma delegação especial ao país africano para investigar o ataque e o porquê os capacetes azuis não conseguiram impedir um incidente tão grave apesar ter uma base a 30 quilómetros do local do ataque.
Fonte Agencia Angola Press

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Criança Negra No Currículo Escolar






Por Marisa do Nascimento*

O afrodescendente tem no Brasil pelo menos uma experiência traumática relacionada à questão étnica na escola:

a) No capítulo sobre “O Corpo Humano” (livro de Ciências) há um desenho do corpo humano com um sujeito alto, forte, louro e de olhos azuis: um europeu. No Brasil, uma criança vê o desenho, olha ao redor, olha para si mesma, e não se reconhece. O corpo no desenho não faz muito sentido para ela;

“Os currículos, programas, materiais e rituais pedagógicos privilegiam os valores europeus em detrimento dos valores de outros grupos étnico-raciais presentes na sociedade”.
(Profª. Dra. Ana Célia da Silva).

b) O primeiro contato que a criança negra tem com sua cultura está no capítulo de escravidão, onde os negros estão acorrentados, apresentados como escravos: sem expressão de reação, passivos, sujeitos a maus-tratos, sem passado, sem família, sem alma, desenraizado (figuras de Debret ou Rugendas);

“Muitos educadores defendem que a escola não discrimina. Mas se o material didático não trata da questão multirracial, a discriminação está lá. Nós não somos como eu, descendente de europeus. Para mim, desde criança, os livros faziam sentido. Neles, todos eram como eu. Aliás, quando eu era criança, os negros só apareciam no livro de história e como escravos. Nunca apareciam sob outro aspecto, quando se falava em corpo humano, por exemplo”.
(Profº. Dr. Mário Sérgio Cortella).

c) O currículo escolar não aborda o Continente Africano (de onde descendem 45% da população desde país – fonte do IBGE), tornando-o um mistério ou, pior ainda, visto como palco de terríveis guerras civis, epidemias pavorosas ou de países muito próximos da barbárie, onde a civilização parece não existir;

d) Estudamos um pouco de mitologia grego-romana. Sabemos quem foi Atenas, Zeus, Apolo. Mas quem sabe o nome de uma divindade africana? (Ogum, Omolu, Oxossi, Obatalá) Nós tivemos uma noção de quem foram os imperadores romanos, ouvimos falar de Nero, Marco Aurélio, mas pouco de nós saberiam dizer o nome de um rei africano como Haile Selassie. São poucos os que sabem das diversas etnias, como Banto, Nagô, Benguela, Jeje entre tantas, que ajudaram a formar essa nação;

“Caso o Brasil fosse um país sem nenhuma imigração africana de importância, não seria surpreendente os currículos escolares dispensarem estes conteúdos. Mesmo assim, por razões da história da humanidade, ou mesmo da história econômica do capitalismo, seria indispensável um conhecimento da história africana. Surpreendente e impensável é um país que, nos seus pelo menos quatro séculos teve não somente a imigração maciça, como também tem a maioria da sua população descendente de africanos, não ter a História da África nos currículos escolares”.
(Profº. Dr. Henrique Cunha Jr.).

e) As imagens estereotipadas ou a invisibilidade do negro nos livros didáticos interferem na constituição da auto-imagem. Além disso, os processos educativos e culturais brasileiros produzem uma ausência de caminhos para a formação da identidade negra positiva, pois a divulgação da cultura negra é exígua, resumindo-se apenas na produção musical ou folclórica (samba, capoeira,...);

“Os estereótipos sobre o negro podem se constituir em uma variável importante para explicar o fracasso escolar das crianças negras”.
(Profª. Dra. Ana Célia da Silva).

f) No relacionamento das crianças, é natural a violência verbal, expressa na maioria das vezes, pela ênfase a cor da pele. O educador raramente intervem, sendo omisso numa situação conflitante para a identidade da criança negra.

“Ser chamado pelo nome próprio ou por apelido afetivo-familiar é importante para a construção da auto-estima e identidade étnico-racial. A distinção do outro pela cor da sua pele, pelo gênero ou direção sexual, desqualifica a pessoa enquanto ser humano e cidadão. As pessoas a quem se confere os atributos de humanidade e cidadania não são nomeadas pela sua pele, pelo seu gênero ou direção sexual: como o branco, o homem, o heterossexual. Pais e professores devem estimular seus filhos e alunos a não aceitarem ser chamados ou xingados por apelidos depreciativos, como um princípio formativo de auto-estima, auto-respeito e fortalecimento do ego”.
(Profª. Dra. Ana Célia da Silva).

A auto-estima é uma das condições necessárias para um desempenho escolar satisfatório dos educandos. Dada as situações de racismo ou de dependência eurocêntrica da cultura educacional brasileira, vide alguns fatos do cotidiano escolar expostos acima, os processos de identidade e auto-estima positiva do alunado afrodescendente tem sido profundamente afetados, tendo como conseqüência o medo em ser negro, ou aflição em sê-lo e declarar-se. Os efeitos psicológicos são vários, indo da insegurança pessoal a propensão ao insucesso escolar e social.

Os estímulos preconceituosos, vindos de fora, colaboram para a inibição do pensamento. A rejeição de si mesmo provoca a descaracterização de suas qualidades físicas, gerando o desejo de ter a cor branca, os lábios finos e os cabelos lisos, em busca de aceitação social. Portanto, quanto mais o negro estiver em contato com a realidade do seu corpo, com a história individual e coletiva que esse corpo contém, mais identificado estará com a vida que há nele, e menor importância dará às imposições externas, aceitando e valorizando suas características próprias.

O educador, enquanto mediador de processos de transformação na escola, deve atuar contra os preconceitos e pelo respeito à diversidade étnica. Ciente de seu papel, deverá buscar inserir-se neste processo, combinando em sua formação, ensinar, reaprender, refletir e comprometer-se com seu crescimento e com o de seus alunos.
Ao olhar para os alunos que descendem de africanos, o professor comprometido com o combate ao racismo e a discriminação, deverá buscar os conhecimentos sobre a história e cultura deste aluno e de seus antecedentes. E ao fazê-lo, buscar compreender os preconceitos embutidos em sua postura, linguagem e prática escolar; reestruturar seu envolvimento e se comprometer com a perspectiva multicultural de educação.

Ao informar corretamente em sala de aula sobre as identidades ali presentes, o educador, baseado em fatores culturais e históricos reais, estará possibilitando que o processo de troca seja pautado por parâmetros de igualdade.

“A escola só será mais competente se nós fomos capazes de valorizar a diferença. Mas atenção: valorizar a diferença não significa exaltar a desigualdade. Diferença é um conceito cultural e igualdade é um conceito ético. Homens e mulheres, brancos e negros, brasileiros e estrangeiros: somos todos diferentes, jamais desiguais”.
(Profº. Dr. Mário Sérgio Cortella).

Partindo da seguinte premissa, proferida pelo Prof. Dr. Rubem Alves:

“A educação, em essência, é precisamente isso: o exercício do Verbo”.

Muitos educadores resolvem praticar a educação projetando um olhar sensível e minucioso ao seu segmento fundamental: o educando. E na perspectiva de se construir sociedade e escolas democráticas, tem se empenhado em inserir nos currículos conteúdos/conhecimentos que tenham significado real para os alunos negros ou afrodescendentes. Desta forma, estão colocando em prática a Lei Federal 10.639/03 (que altera a Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação – LDB), estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e particulares.

Como diz o teólogo Leonardo Boff:

“Um ponto de vista é a vista a partir de um ponto”.

Se a escola não contempla a multiplicidade de pontos de vista, ela se caracteriza incompetente na medida em que discrimina, rejeita ou, o que é pior, “invisibiliza”.
Assim, a produção da igualdade tem buscado construir no currículo escolar um conjunto de ações que chamamos de direitos. Uma abordagem que já vem sendo trabalhada pelos movimentos negros, de mulheres, indígenas, dos sem terra, etc.

Texto retirado de Mentesbrilhantes.artblog.org.br

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

“Quem precisa da identidade?”

“Quem precisa da identidade?” é um dos três ensaios do livro Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais que trata da questão da identidade e da diferença – centro da teoria social e da prática política na contemporaneidade. As antigas fontes de ancoragem da identidade (a família, o trabalho, a igreja, entre outras) estão em uma evidente crise. Novos grupos culturais se tornam visíveis na cena social, buscando afirmar suas identidades, ao mesmo tempo em que questionam a posição privilegiada das identidades até então hegemônicas.
Stuart Hall concentra-se em uma discussão da problemática da formação da identidade e da subjetividade. Evocando, entre outros, Freud, Lacan, Althusser e Foucault, Stuart Hall faz a importante pergunta: por que acabamos preenchendo as posições-de-sujeito para as quais somos convocados A resposta de Hall é exemplar de sua habilidade em utilizar a teoria cultural e social contemporânea para realizar refinados e certeiros diagnósticos sobre a condição da sociedade e da cultura contemporâneas. Sua análise crítica de Foucault (a partir da p. 118) é muito relevante.

Hall salienta que está acontecendo uma desconstrução das visões sobre a identidade em diversas disciplinas, as quais põem em crise a noção de uma identidade interal, originária e unificada. O viés desconstrutivista põe alguns conceitos-chave “sob rasura’. O sinal de “rasura” (X) indica que eles não servem mais – não são mais “bons para pensar” – em sua forma original, não-reconstruída.

Um conceito-chave é o de “agência”, que expressa a identificação como uma construção, como um processo nunca terminado, sempre “em processo”. A identificação é, portanto, um processo de articulação. Há sempre “demasiado” ou “muito pouco”, mas nunca um ajuste total. Mas o conceito principal é o de identidade, que não é, em Stuart Hall, uma noção essencialista, mas um conceito estratégico e posicional, ou seja, as identidades não são jamais unas.

Em suma, as identidades operam através da exclusão, da construção discursiva de uma exterioridade constitutiva e da produção de sujeitos marginalizados, na superfície exilados do universo simbólico ou do representável.
As pessoas perguntam em que linha teorica eu acredito,defendo ou sigo.Não sei ,so sei que na faculdade passei a gostar dos estudos culturais mais especificamente de Stuar Hall e gosto de seus trabalhos – como os seus estudos sobre preconceito racial e mídia que são considerados muito influentes e fundadores dos contemporâneos estudos culturais e afinal de contas “não existe um eu essencial, unitário - apenas o sujeito fragmentário e contraditório que me torno” (Hall, 2003: 188).

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Homem de Cor?

Escrito por uma criança africana.....
Pensamento lógico surpreendente!

Quando nasci, era Preto;
Quando cresci, era Preto;
Quando pego sol, fico Preto;
Quando sinto frio, continuo Preto;
Quando estou assustado, também fico Preto;
Quando estou doente, Preto;
E, quando eu morrer, continuarei Preto!

E você, cara Branco;
Quando nasce, você é rosa;
Quando cresce, você é branco;
Quando você pega sol, fica vermelho;
Quando sente frio, você fica roxo;
Quando você se assusta fica amarelo;
Quando está doente, fica verde;
Quando você morrer, você ficará cinzento .
E vem me chamar de Homem de Cor?


"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade em que elas acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
(Fernando Pessoa)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Projeto - Contação de histórias para Jardim




Podemos utilizar os seguintes livros :
Menina bonita dos laços de fitas de Ruth Rocha
Tanto,tanto de Trish Cooke
ilustrações de Helen Oxenbury
Cabelo ruim? de Neusa Baptista Pinto


Objetivo:

- Inserir a criança ao mundo da linguagem oral;
- Estimular a audição;
- Estimular a fala;
- Estimular a oralidade a partir daquilo que a criança escuta e reproduzir acrescentando seu próprio vocabulário;

Estratégia:
- Fantoches confeccionados em colher de pau,em meias, de feltro,tnt,entre outros;
- Cenário ( confeccionados com papelão ) não especificamente de uma única história,mas decorado de maneira que chame a atenção das crianças pela diversidade de desenhos e cores;
- imagens de histórias variadas,para explorar a oralidade das crianças.
- Máscaras dos personagens de cada história.
- Uma caixa cheia de objetos onde o professor,retire os mesmos e vá desenvolvendo a história com a participação das crianças.
- Tapete de histórias;
- Pedir a um Pai/mãe/responsável para serem o contador do dia (não esquecer de providenciar o bilhete comunicando-os do projeto,e os colocando a par de que sua participação pode ser feita assim que dispuserem de tempo ).Tambem elabore um calendário de participação e permita que o responsável assinale o dia que lhe seja favorável.

Produto final:

- Criar,com as crianças o livro de pano da sala,com ilustrações feitas pelas crianças onde as mesmas poderão utilizar tinta para tecido.
- A capa pode ser a mãozinha ou os pezinhos da criança;
- Criar um álbum de fotos com a participação dos pais,para lembrança de final de ano,onde no computador você pode colocar molduras,fundos,etc.E postar neste blog o seu trabalho.Estou a disposição.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Feliz dia da vovó


São os avós, pessoas que, revendo o passado com gratidão
e abraçando o presente com serenidade, ajudam a vislumbrar
o futuro para seus filhos e netos.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Educação e a religião de matriz africana

Escutei recentemente de uma colega professora o seguinte comentário: Qual a importância de trazer questões sobre a religião de matriz africana para sala de aula?
Então resolvi devolver a ela pergunta da seguinte forma qual a importância de trazer questões relacionadas às religiões evangélicas e católicas para sala de aula?
Ela não soube me responder apenas me “catequizou” dizendo que Deus não sacrificava animais, não pedia oferendas entre outros.
Mas eu não podia perder esta oportunidade de lembrá-la que o primeiro sacrifício feito por um homem de um animal relatado na Bíblia foi aquele que Abel fez oferecendo a Deus os primogênitos das suas ovelhas. E nota que o SENHOR atentou para o sacrifício do animal em contraste à Sua rejeição da oferta de Caim que lhe ofereceu sua colheita. Também a lembrei que Deus pediu a Abraão seu filho Isaque em sacrifício e Abraão ,por sua vez,não negou o pedido a Deus que,contudo poupou o único filho de Abraão e aceitou em troca um cordeiro.
No Novo Testamento, principalmente no Evangelho de João, onde João Baptista diz a Jesus: "Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo" (João, 1:29). Os hebreus tinham o costume de matar um cordeiro em sacrifício a Deus, para remissão dos pecados. O sacrifício de animais (ou mesmo de pessoas) era freqüente entre vários grupos étnicos, em várias partes do mundo.
Então não me venham dizer a religião de matriz africana é algo demoníaco, ela é única, verdadeira. Não me venham com a desculpa de preservar o meio ambiente podar a nossa cultura religiosa que deve ser conhecida e reconhecida também no espaço escolar.
Agora se minha colega compreendeu a mensagem eu não sei, mas que ficou sem palavras acreditem ficou.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Copa 2010 na Africa

Nem tudo é festa.Vamos conversar com nossos alunos sobre:cultura,saude,segurança e religião neste continente.Eles irão perceber que quando terminar a copa ninguem mais estará preocupado com os africanos.Simplismente todos esquecerão.Não podemos permitir que isto aconteça ,vamos trabalhar juntos na sala de aula.

África do Sul em sala de aula

Para podermos perceber e desconstruir os discursos dos dominantes,recomendo o filme Sarafina - o som da liberdade, que me serviu como fonte de pesquisa da história e cultura africana.Este filme traz uma leitura crítica da mídia, como metodologia de ensino na formação de professores. Algumas cenas deste filme sobre um determinado povo negro sul africano, subjugado pelos colonizadores holandeses e ingleses, contém imagens que nos permite extrair uma análise sobre o racismo legalizado. A partir desta narrativa, podemos analisar os discursos que sustentam o preconceito racial em nossa sociedade.Eu recomendo ,gostei muito e espero que aproveitem a sugestão.

Projeto e tempo de bola

SÉRIE – Jardim I

JUSTIFICATIVA:

Para explorar, descobrir e apreender a realidade, a criança se utiliza das brincadeiras e do faz-de-conta. Brincar é, para a criança, fruto de autodescoberta, prazer e crescimento.

OBJETIVO GERAL:

Ajudar o aluno a perceber-se, perceber o outro (professores e colegas) e perceber-se como membro de um grupo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Vivenciar situações lúdicas que possibilitem a expressão do prazer, de conflito, de frustração, negociação e aprendizagem.

• Aprender novas brincadeiras.

• Iniciar atividades de grupo através de brincadeiras.

DESENVOLVIMENTO:

Atividade 01

A bola é um brinquedo muito querido pelas crianças de qualquer idade, por isso ela foi privilegiada neste projeto; além disso, trabalhamos a coordenação motora.

Atividade 02

No primeiro momento todos os alunos ganharam uma bola para brincarem livremente no pátio da escola.

Atividade 03

Os alunos formaram um círculo, sentados no chão. Conversamos sobre vários tipos, tamanhos e texturas das bolas que havia no colégio.

Atividade 04

Ao som de uma música, fizemos uma roda e cada duas crianças ganharam uma bola para dançar, equilibrando-a na testa, na barriga e no bumbum.

Atividade 05

Conversamos sobre o que é esporte, quais os esportes que conhecemos, quais os esportes que utilizam a bola.


Escolhemos o jogo de futebol para brincar.dividimos a turma em equipes e os dois times escolheram o nome Brasil para representar o grupo.

Atividade 06

Com as bolas que confeccionamos de meia-fina, fizemos brincadeiras como boliche, tiro-ao-alvo, e bola-ao-cesto.

Atividade 07

Cada criança ganhou um balão a gás para brincar livremente na sala. Após, amarramos o crachá na corda do balão para fazer a chamada. Foi muito divertido.

Atividade 08

Com um arco de bambolê fizemos o jogo de basquete.

Atividade 09

Pesquisamos em jornais e revistas figuras sobre bola;

Desenhos

Atividades com argila

Bolas de papel amassado

Técnicas de arte com pecas etc.

AVALIAÇÃO:

Percebemos que as relações grupais neste projeto foram amplamente difundidas, estimulando a afetividade e a partilha. A atividade mais repetida e apreciada pelas crianças foi aquela para equilibrar a bola numa parte do corpo. Essa experiência foi gratificante para as crianças e nós, professoras, pois além de auxiliar no desenvolvimento motor, estimulou e desafiou os alunos a superarem obstáculos com grande alegria

Sugestões de Atividades utilizando o site www.aprendebrasil.com.br para a

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Parabens ao meu amor


Pouco importa se temos cotas pois há vários argumentos contra e a favor, todos bastante sensatos. Nem mesmo o nosso governo parece saber que posição tomar e demonstra impassividade sobre a questão. Tanta incerteza, no entanto, tem um ponto positivo sobre a reserva de vagas ou cotas e cria um debate importante sobre o racismo no Brasil, um país onde o preconceito existe, ainda que de forma velada e que estar formado não é garantia de emprego mesmo sendo competente.

Ser contra ou a favor limita a discussão. O importante é pensar sobre o racismo. E penso que quando se toma um critério racial como base para a definição das cotas, fomenta-se o preconceito.Me formei na UFRGS e lá ouvi coisas terríveis, como 'negro é tão inferior que precisa de cotas' ou porque não damos cotas aos descendentes alemaes ou italianos,por que aos negros .Por isso concordo com Mandela que diz que a "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Assistam este filme com seus alunos das series finais








Sinopse
Walter Lee Younger é um motorista negro, de 35 anos, que trabalha para um rico empresário. Casado com Ruth há 11 anos, vive num espremido apartamento em Chicago, juntamente com o filho Travis, a irmã Bernie, que estuda medicina, e a mãe viúva, Lena, proprietária do imóvel.

O sonho de Walter é conseguir US$ 10 mil para se associar a dois amigos, Willie Harris e Bobo, a fim dos três abrirem um lucrativo negócio na área de distribuição de bebidas.

A matriarca da família, Lena, está para receber exatamente um cheque de US$ 10 mil proveniente do seguro de vida do marido morto, mas não admite que tal importância seja usada para negócios ligados a bebidas ou a qualquer outro tipo de vício.

As dificuldades financeiras por que passa a família são motivos de constantes desentendimentos entre eles, principalmente entre Walter, sua mulher e sua irmã. Em conversa com a sogra, Ruth desmaia e Lena desconfia de que se trata de gravidez, o que vem a ser depois confirmado. A relação entre o casal torna-se ainda mais difícil.

No Clube Kitty Kat, onde Walter costuma beber, Willie e Bobo lhe comunicam que já conseguiram suas partes, ou seja, US$ 20 mil, ocasião em que Walter garante que vai trazer sua parte dentro de poucos dias.

Quando, finalmente, Lena recebe o seguro deixado pelo marido, Walter tenta pegar o cheque, mas a mãe o impede. Furioso, ele bate a porta e vai se embebedar. Nesse ínterim, Lena sai e ao voltar comunica à família que acaba de comprar uma boa casa, com três quartos, jardim e quintal. A grande surpresa é que o imóvel acha-se localizado em Claybourne Park, um bairro onde só moram famílias brancas. O telefone toca e informam que Walter não comparece ao trabalho há três dias e que, se ele não for trabalhar no dia seguinte, será demitido pelo patrão.

Numa demonstração de extrema confiança, Lena procura o filho no Bar e, reservadamente, lhe diz que, daquele dia em diante, ele passará a ser o chefe da família. Na ocasião, diz que o sinal pago pela casa foi de US$ 3.500, que ela quer que ele abra uma poupança de US$ 3.000 para financiar o curso de medicina de Bernie e que, o restante é para que ele abra uma conta corrente em seu nome. Assim, todas as decisões e movimentações financeiras passam a ser de responsabilidade dele.

O Sr. Mark Lindner, representante da Associação Claybourne Park, procura a família para oferecer US$ 30 mil pela casa, pois os moradores não aceitam pessoas de cor, mas o orgulho dos Younger faz com que ele seja escorraçado de lá.

No dia seguinte, Bobo vai ao apartamento deles informar que Willie Harris desapareceu com o dinheiro deles. Desolado, Walter confessa aos seus que dera a Willie os US$ 6.500 recebidos da mãe. É quando Ruth diz que a prestação da nova casa será de US$ 125 por mês e que, os quatro adultos da família, juntos, terão condições de levantar essa quantia se trabalharem com afinco.


Este filme baseado numa peça de Lorraine Hansberry, "O Sol Tornará a Brilhar" é um ótimo filme. E podemos trabalhar em sala de aula em torno de questoes como:
Condiçoes sociais de uma família pobre ,os seus sonhos, orgulho, sacrifícios, erros e acertos. Alem de provocar discussoes acerca de temas como racismo, aborto, ateísmo e valores familiares.
Vale apena assistir e discutir com alunos das series finais,ensino médio,eja ou se levar para ensino superior tambem este debate.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Somos negros 365 dias






Sou negro sim
não tenho vergonha não
desde a abolição bis
que eu luto

luz, luz do planeta luz
reluz sobre nossas cabeças
A minha cor
não deve influir no nosso amor
porque o negro é exemplo da cor
contra opressão
e o disnivel social
a discriminação geral.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Por que ensinar a historia da África

Eu penso que ensinar sobre a historia do continente África é discutir colonização, globalização, a formação recente dos Estados africanos, a diáspora contemporânea de povos africanos, o terrível da migração de africanos e também de brasileiros , principalmente os negros , as novas formas de trafico humano, o sucateamento das riquezas da África pelas grandes potencias , a importância de relações entre Brasil e paises africanos não somente por direitos humanos, mas também pela importância de uma frente contra uma globalização capitalista que se alimenta da fragmentação dos oprimidos, das nações tidas como subdesenvolvidas.
Ao falar em comunidade étnica negra não podemos esquecer das formas atuais de internacionalismo proletário e pactos do Atlântico negro, estudos sobre a riqueza da diáspora negra contemporânea- a produção político musical, como o samba, o rap, o hip hop, o funk entre outras. A consciência da historia do povo negro na historia do Brasil e os diversos moviemntos abolicionistas que houveram,

Há muitas formas de discutir a historia da África e dos africanos e as suas influencias sobre a identidade do negro no Brasil,e isto se pode aprender de formas múltiplas, valorizando vivências e experiências prévias para construir novos caminhos e saberes. A Diversidade que está posta nos bancos escolares, sexual, racial, cultural, etc. revelam a pluralidade deste espaço que continua reproduzindo velhas ideologias de uma sociedade hegemônica.
Resgatar através de projetos a história e memória dos afros descendentes possibilita ao professor criar uma alternativa pedagógica abrindo novas possibilidades de compreensão da cultura africana e afro-brasileira. E isso poderá promover auto estima das crianças possibilitando novas formas de identificação formando novas praticas cotidianas de relacionamento.
E voces colegas o que pensam ?Comentem...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Plano de aula

Tema
Fazendo arte “Técnica Pintura com Terra e Cola”
Objetivos
Apresentar as crianças um material não convencional, como a terra, uma diferente maneira de se fazer tinta.

Desenvolvimento
Artes
Técnica Pintura com Terra e Cola
1 momento-Apresentar para a turma a técnica de pintura com tintas extraidas de sementes misturadas a terra e cola branca utilizada pelos negros para embelezar o corpo em festa ou como pedido de proteção quando iam à guerra.
2 momento-Pegar copos plásticos e misturar a terra trazida de casa pelas crianças com a cola, numa quantidade que fique numa textura nem muito líquida e nem muito espessa.
3-Mostrar para as crianças as diferentes tonalidades de marrom que surgiram devido à diferença da cor das diferentes terras trazidas por elas.
A seguir entregar uma folha e um pincel para cada criança para que elas desenhem livremente com a “tinta” formada pela mistura da terra e da cola.
OBS: Disponibilize sementes de urucum,folhas verdes,flores coloridas.
Esta tecnica é otima.

Vamos refletir sobre:

A PARTICIPAÇÃO AFRICANA NA FORMAÇÃO

DO POVO BRASILEIRO

EDUCAÇÃO & LITERATURA


JOSUÉ GERALDO BOTURA DO CARMO

NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

LITERATURA

CONTOS ZEN

ESCOLA MUNICIPAL MARIA DAS GRAÇAS TEIXEIRA BRAGA - SALA DE INFORMÁTICA APLICADA À EDUCAÇÃO


Josué Geraldo Botura do Carmo[1]

Outubro/2006

Para os autores os currículos escolares sempre negaram a colaboração de africanos, africanas e descendentes na formação da cultura e do povo brasileiro reduzindo essa colaboração ao passado escravista e ao mundo da música, da dança, da culinária e, no máximo, da religião.

Os negros vinham da África trazendo seus objetos, hábitos, textos orais e escritos, rituais, jogos, folguedos, histórias: um patrimônio cultural material e imaterial. Trouxeram lembranças e saberes com suas religiões, tecnologias e trabalho.

Para melhor compreender a participação do segmento negro na formação brasileira, segundo os autores, três dimensões são de fundamental importância: a história, a memória, e as práticas culturais.

É no cotidiano que a cultura e as práticas culturais são elaboradas, transformando o conhecimento em experiência de aprendizagem e a própria experiência vivida se transforma em conhecimento. A nossa construção se dá por meio da socialização, da relação com o outro e das ações vividas. Assim a alimentação, o vestuário, a oralidade, a gestualidade, a sonoridade, os odores ou sabores, são sinais que nos permitem decifrar a diversidade e a complexidade da realidade histórica da sociedade afro-brasileira.

“Tomar as diversas práticas sociais e culturais como práticas educativas são vê-las em processo, sendo construídas intensamente e carregadas de tensão entre diferentes indivíduos e diferentes comunidades; elas criam contextos interativos que – justamente por se relacionarem dinamicamente em distintos ambientes culturais, nos quais diferentes indivíduos desenvolvem identidades – contribuem para um ambiente formativo”.

E mais:

“As expressões culturais e religiosas de matriz africana trazem processos educativos que dizem respeito ao próprio exercício das apresentações no momento da festa e nos rituais religiosos. Esses processos se revelam na música, na dança, no toque dos instrumentos e nos gestos. São elementos impressos no corpo e expressos através da prática e da tradição oral”.

No século XX vamos encontrar os movimentos negros, os núcleos afro-brasileiros formados nas universidades brasileiras compostos em grande parte por acadêmicos negros. No ano 2000 foi criada a Associação Brasileira de Pesquisadoras e Pesquisadores Negros (ABPN), que realiza encontros bianuais.

Na relação África/Brasil vamos encontrar ainda referências no campo das artes e da estética como na literatura e nas artes visuais. São poetas, escritores e escritoras, que buscam construir um alicerce para a construção da identidade afro-brasileira autônoma. Na música além dos ritmos que emergiram em território nacional temos ainda o jazz, o soul, o reggae, o funk e o rap.

Para os autores “não existe Brasil sem a África e, portanto não existe identidade nacional sem a cultura afro-brasileira.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

RATTS, Alex. DAMASCENA, Adriane A. Participação africana na formação cultural brasileira. In: Educação africanidades Brasil. MEC – SECAD – UnB – CEAD – Faculdade de Educação. Brasília. 2006. p. 168 -183.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Plano de aula para turma jardim ou 1ª serie


Tema Alimentação e literatura,contos e lendas
Oque trabalhar- Cheiro ,gosto,sabores e cores
Hora do conto-Leitura do livro Chuva de manga
Contar a historia as crianças na rodinha explorando as cores,a fruta onde podemos adquiri-la,se as crianças ja provaram,se existe apenas neste pais ,o contexto onde acontece a historia enfim o que puder ser extraido deste tema aproveite
Atividades;
*Montar uma história em quadrinhos, com o personagem da historia;
*Propor ao grupo saborear um suco de manga ou,tambem,leva-los ao refeitorio e fazer um musse com os seguintes ingredientes:
1 lata de creme de leite
1 lata de leite contdensado
3 mangas
Modo de fazer
Descascar as mangas e coloca*las no liquidificador com os demas ingredisentes bater bem e servir a vontade.
Minha turma adorou.
Com este livro podemos mostrar um país que fica , no centro do continente africano.Que possui um povo vive uma realidade tão diferente e, ao mesmo tempo, tão semelhante ao povo brasileiro.

Avaliação-Sempre junto com a turma
Espera-se que eles percebem, através da leitura, que há terras secas e que a água que cai do céu é uma benção em qualquer lugar.

Mas o principal objetivo e que as crianças negras, e brancas, possam ter acesso a materiais com diversas características etnicas para poderem ter a consciência de si e de sua identidade etnia.

terça-feira, 9 de março de 2010

Arte africana na sala de aula

Mas antes temos que explicar aos nossos alunos que muitas das chamadas artes tradicionais da África estão sendo ainda trabalhadas, entalhadas e usadas dentro de contextos tradicionais. Mas, como em todos os períodos da arte, importantes inovações também têm sido assimiladas, havendo uma coexistência dos estilos e modos de expressão já estabelecidos com essas inovações que surgem. Nos últimos anos, com o desenvolvimento dos transportes e das comunicações dentro do continente, um grande número de formas de arte tem sido disseminado por entre as diversas culturas africanas.
Para começar:

Que tal propormos a nossos alunos uma leitura de imagem.

Arte de Suzanne Werger-Bosque Sagrado de Osun-Osogbo



Objetivo desta atividade:
Alem de conhecer artistas plasticos e escultores africanos, podemos trabalhar os elementos das artes visuais, da criação e da aproximação com a nossa cultura.

O tempo de duração:
Depende do professor,da metodologia e interesse dos alunos.

Avaliação:
Pode acontecer no decorrer da aula,a medida em que a atividade se desenvolve.

Eu adoro esta atividade.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Um pouco da minha história

Práticas do cotidiano

Realizei meu estágio curricular numa escola municipal na zona norte de Porto Alegre numa turma B 10 que corresponde a 3ª serie do 1º grau em 2007. E neste período, observei que as agressões verbais dirigidas aos alunos negros ainda da fazem parte do ambiente escolar. Digo ainda, pois as palavras que tanto me feriam a alma há trinta anos atrás desde meu jardim de infância são as mesmas que hoje ferem outras crianças. E me fez lembrar da minha infância naquela época, nos anos 70 quando uma criança negra e pobre, quando ofendida, não tinha a quem se queixar e simplesmente abandonava a escola como meu irmão fez por muitas vezes. Sempre fomos alvos fáceis de muitas piadas e agressões de colegas que lembravam sempre do meu nariz, das minhas tranças ou da cor da minha pele, e, principalmente falavam muito mal da nossa religião. Até as músicas depreciativas sobreviveram aos tempos.
E isto me fez lembrar o quanto foi difícil manter a minha auto estima num ambiente escolar tão desfavorável. Os conceitos belo-feio, pobre-rico, bom-ruim, melhor- pior são produzidos e padronizados diariamente e transmitidos pela família e sociedade que inconscientemente ou conscientemente , mas de forma cruel, alimentam a cultura colonial convencendo as crianças negras que seu cabelo é ruim , seu nariz é feio e esborrachado. Dessa forma a criança desenvolve uma baixa auto-estima, passando a não gostar de sua aparência pois Portela (2005, p. 95) afirma que a identidade da criança afro-descendente deve ser alicerçada quando ela ingressa na escola, isto é, desde a pré-escola, e isso ocorrerá quando a escola e educadores compreenderem que os alunos são indivíduos pertencentes a culturas diferentes, e que são diferentes, e principalmente, essas diferenças não devem ser hierarquizadas e que a compreensão e o respeito à diferença são condutas indispensáveis.
E para mim, hoje professora-estagiária ver aquelas cenas se repetindo na escola onde eu faria meu estágio e constatar que as crianças negras sendo alvo “brincadeiras” racistas me deixaram indignada, incomodada, e, porque não dizer revoltada. Indigna-me ver que outros professores, hoje meus colegas e funcionários da escola continuam encarando estas situações de preconceitos como fatos de pouca ou nenhuma importância. Colegas estes que não quiseram desenvolver atividades, para amenizar esta situação de violência social e psicológica contra a criança através de projetos sobre a cultura africana envolvendo as diversas áreas do conhecimento.
E a turma na qual trabalhei era composta por vinte e três alunos com idades entre nove e dez anos. A maioria eram crianças brancas. Era assustador o repertório racista desses meninos e meninas na hora da briga e xingavam os colegas de "carvão", "macaco", fazendo referência à cor da pele, ao cabelo e ao formato do nariz. Mesmo os alunos negros apelidavam seus iguais.
Então passei propor atividades para tratar o problema de forma lúdica e reflexiva de forma planejada, pois o aluno A., me procurou para falar sobre essa questão. Ele disse que estava muito chateado e que não queria mais vir às aulas por causa dos apelidos. As crianças o chamavam constantemente de macaco. Ele geralmente reagia de forma violenta, ficava arredio e nem queria participar das atividades. Depois se episódio, tive uma conversa séria com a turma e por uma semana os apelidos pararam, mas recomeçaram. Vale lembrar que o preconceito entre crianças tem um forte potencial destrutivo para as vítimas. As crianças podem se sentir segregadas, e ter seus potenciais reduzidos e sérios problemas de aprendizagem.
Também percebi que o pertencimento racial orientava a qualidade das relações de amizades que crianças cultivavam entre elas, como por exemplo, não sento com fulano, pois ele é preto e sujo. Esses apelidos sempre marcam a trajetória escolar e geralmente são as primeiras experiências de rejeição pública do corpo, pois neste sentido o cabelo crespo e a pele escura é símbolo de inferioridade.
Ao conversar com uma colega, professora-titular da turma sobre este episódio ela me respondeu:
“Sempre falo durante as aulas que não devemos nos preocupar com a cor da pele dos colegas, isso não tem importância porque somos todos iguais, fazemos parte da mesma história, da mesma comunidade”.Enfim -segundo a professora- não há diferença alguma entre o negro e o branco... Veja bem aqui na minha sala de aula eu acho que não faço diferenças, todos os meninos (as) negros e brancos são tratados, assim, da mesma maneira... Porém, nas outras turmas é comum, professores ou alunos, apelidarem os colegas negros, tem uma garota que estuda aqui pela manha que é chamada de Chica da Silva, por gostar de varrer a sala e cantar rap”. ( N ).

Após ouvir este relato da professora titular e observar a turma resolvi planejar uma seqüência de atividades em sala de aula tratando diretamente da questão das relações étnicas na sala de aula. Através de observações da turma durante o recreio, nos jogos e atividades que desenvolviam dentro e fora da sala de aula pude constatar a presença forte do preconceito que se manifestava nas brincadeiras no recreio, no refeitório na biblioteca, na hora da punição. Segundo Brandão (1995, p. 19), “é no cotidiano que nos tornamos observadores de nós mesmo e do próximo, isto vale dizer, “do outro”, “dos outros” e do mundo, portanto, do território”.
Tive a oportunidade durante a execução do projeto de estagio de trabalhar questões afros desconhecidas dos alunos como brincadeiras, jogos e arte. A partir de um levantamento de jogos, brinquedos,brincadeiras, danças, cantos e contos , propus atividades lúdicas com enfoque nas relações étnico-raciais que contribuíssem na formação de uma identidade cultural negra positiva. E registravamos todas as atividades em um caderno. Neste caderno de registro foram registrados um mapa do continente africano, questões a serem respondidas durante o andamento do trabalho tendo espaços para: desenhos (como forma de registro das lendas ou contos africanos apresentados), registros (das atividades aprendidas no dia) e avaliação do projeto. De acordo com Bogdan e Biklen (1994) diário de campo “é o relato escrito daquilo que o investigador ouve, vê, experiência e pensa no decurso da recolha e refletindo sobre os dados de um estudo qualitativo” (p.150)..
Através destas atividades as crianças puderam conhecer a historia e os significados da pintura no corpo dos guerreiros africanos. Trabalharam na execução da tinta a moda africana com sementes de urucum diluído em álcool e misturada a cola tenaz o que dá o tom laranja .Trabalharam também com capim de jardim diluído no álcool misturada a farinha de trigo o que resultou no tom esverdeado. Depois utilizamos beterraba cozida misturada com cola. Propus ao grupo a então a técnica da pintura a dedo. No primeiro momento houve o estranhamento depois pintaram com dedo sem pincel de forma lúdica. O objetivo destas atividades foi para que as crianças conhecessem a influencia africana sobre a cultura brasileira .
Tínhamos uma vez por semana uma roda de conversa.Numa dessas vezes perguntei as crianças quais eram suas descendências e as repostas foram italiana ,polonesa ou alemã . Mas nenhuma criança disse ter descendência africana. Pude observar uma supervalorização do lado branco da família de todas as crianças, inclusive daquelas filhas de negros e brancos e, enquanto verbalizavam sua descendência européia, as crianças falavam “- que chique!”.
Em uma outra situação, umas das questões que coloquei para as crianças era saber o que representava a África para eles/as, sendo que nas respostas expressaram representar ser um local selvagem com florestas, animais e tribos, ou sendo uma cidade e/ou país como demomnstra os relatos abaixo:
“É um lugar enorme cheio de árvores e flores e com muitos animais que em alguns lugares estão extintos. Eu não sei direito se existem gente branca lá ” (M).
“Lá é muito muito feio,não tem agua , lá tem bastantes animais como girafa, leão, tigre, os animais de lá são curiosos eu adoro os animais, eu queria ir pra lá algum dia” ( A.).
“Parece que lá as mulheres não usam sutiã”(B.)
As respostas que obtive estavam associadas à miséria, generalizações negativas
cristalizadas no imaginário da criança, como:
“Pra mim África é um lugar onde as pessoas que não tem condições para comprar só um remédio e precisam de ajuda”” (C.)
“Um país pobre, onde se passa fome. É um povo feio ” (I.).
Observei nas respostas dadas que as crianças possuíam uma concepção da África presa ao lado exótico, turístico, ou associado à miséria, doenças, que são conteúdos veiculados pela televisão através de telejornais e filmes “hollywodianos”. também, havia uma outra questão a ser respondida pelas crianças juntamente com seus pais, mães ou responsáveis, que perguntava: Qual a contribuição dos africanos na cultura brasileira? Nesta obtive respostas como:
“Contribuição cultural (danças, roupas, religião, músicas) eles foram mão de obra
para diversos trabalhos, , foram vítimas da escravidão e preconceito”.
“Os africanos contribuíram com os costumes, culturas, crenças e influencia na raça
da maioria dos brasileiros, descendentes de africanos”.
“Comida ,, dança, religião, “
“Não contribuíram com nada foram só escravos”.
A partir do diálogo com a família, uma aluna branca se descobriu descendente de africano e veio muito contente contar para turma que descobriu com sua mãe: “- professora nesse final de semana fazendo o tema com minha mãe descobri que também sou descendente de africano, ela me disse que somos descendentes de africano por parte do pai dela, meu avô”.
Nas questões finais, foi perguntado o que mais eles tinham gostado do projeto, e as respostas foram todas (sem exceção) positivas e bem diversificadas, as atividades mais citadas foram: as brincadeiras de modo geral, e mais enfaticamente os jogos. Também foi bastante citado o filme Kiriku e a feiticeira, a atividade de colorir o mapa do continente africano e um conto folclórico africano trabalhado na intervenção, conforme seguem alguns exemplos:
“Eu gostei de tudo, mas o que eu mais gostei, foi aprender o que é África. (M.I).
“As coisas que mais gostei foi das brincadeiras, do mapa que pintamos, e ainda até
uma história, pois eu pensava que África era uma cidade só que ela é um continente”.
“Eu gostei das brincadeiras, gostei das conversas, da roda de capoeira no recreio,,
gostei dos instrumentos africanos que o professor levou” (B ).
“Eu gostei das brincadeiras,, gostei também da história da África que a professora contou para a gente desenhar e gostei do filme e gostei de tudo” ( J).
Através destas respostas, percebi que o projeto obteve uma boa aceitação, sendo prazeroso e educativo. Quanto à questão sobre o que menos gostaram, as crianças apontaram algumas brincadeiras e/ou atividades, mas observamos que suas escolhas se pautaram em seu insucesso pessoal.
“Na hora que cai” (G.).
“Não gostei do mbde-mbde , porque não peguei nenhuma” (A.).
“Não tem nada que eu não gostei, eu adorei tudo. Cada dia eu ficava empolgado e
curioso para saber as brincadeiras que ele ia dar” (F.).
Ao final do projeto, refiz a pergunta realizada no início do mesmo, nesta percebi mudanças em relação às respostas anteriores, ocorrendo visão mais positiva da África. Observamos, no entanto, que algumas crianças não conseguiram se desprender do pensamento de que a África é uma cidade ou um país.
“Eu achava que África era um pais com muita pobreza e agora eu sei não tem só pobreza. Tem muitas coisas bonitas e legais que a gente se diverte muito.
Como as brincadeiras da África”. (G.)
“É um lugar lindo maravilhoso, tem bastante cultura beleza, danças, animais, lugares interessantes casas restaurantes, bares, shopping. Eu aprendi algumas brincadeiras de lá. É um continente, tem bastante coisas lá. Lá tem lenda,como aquela da menina que se chamava “Dandara a menina que trabalhava muito. Eu aprendi bastante brincadeiras como o mbude e tem um instrumento bem legal o caxixi. Lá na África não existem só negros, existe também brancos.(F).
Analisando a fala desta criança percebi que passaram a ver beleza na África e capacidade no seu povo rompendo o estereotipo do negro africano dócil sendo escravizado.
E ao incorporar o discurso da diferença através de um projeto que enriqueceu as minhas práticas e as relações entre as crianças, possibilitou, o enfrentamento de praticas de racismo, e a construção de posturas mais abertas às diferenças étnicas presentes na sala de aula.
Após estas atividades, pude refletir sobre o papel importante que o professor representa na sala de aula. Acredito que cabe também ao professor não reproduzir as idéias negativas sobre a etnia negra, perceber e combater as manifestações racistas no ambiente escolar utilizando instrumentos da própria cultura popular, e com políticas culturais de valorização do que vem da cultura negra, que ajudou a construir este país. É daí, é a partir dessas raízes que nós professores podemos dar inicio a aproximação real das diferenças, e não aproximação estereotipada no livro didático. E penso que a primeira atitude do professor frente ao conteúdo dos livros didáticos e paradidáticos deve ser a de identificar a sua ideologia, com o fim de se posicionar a favor ou contra. No que diz respeito às ideologias racistas, o posicionamento deve ser contrário a estas. Caso não seja identificada e refletida, a ideologia racista será perpetuada. Acredito também que cabe ao educador, eleger materiais que contemplem a diversidade étnico-racial da escola, bem como de nossa sociedade e, nessa tarefa, não escolher os que reforçam imagens preconceituosas, discriminatórias e depreciativas, mas sim, os que: apresentem ilustrações positivas de personagens negras; cujos conteúdos remetam ao universo cultural africano e afro-brasileiro; possibilitem aos leitores o acesso a obras onde habitem reis e rainhas negras, deuses africanos, bem como os mitos afro-brasileiros; cujas tessituras realizadas durante a leitura possam construir a elevação da auto-estima das crianças negras; representem sem estereótipos a população negra brasileira (SOUSA, 2006).

Atividades livres para patio

Atividades no pátio

Mbube, Mbube (ou O Leão e o Impala)

Imbube é um dos termos do povo zulu para designar o leão, um dos predadores do impala. O jogo é um tipo de pega-pegaBRINCADEIRAS DE QUADRA

Regras

Todos os jogadores formam um círculo. Dois começam a brincadeira: um será o leão; o outro, o impala. O leão deve caçar o impala em um minuto, ziguezagueando entre os outros jogadores, enquanto esses gritam mbube, mbube. Se o predador não conseguir pegar sua presa no tempo determinado, será eliminado e se incorpora ao círculo dos companheiros. O grupo elege um novo leão. Se o leão pega o impala, se escolhe um outro para ser o fugitivo.
Na mamba, a importância do trabalho em equipe
A mamba é um tipo de serpente africana da África austral. Existem espécies verdes e negras e ambas são venenosas. A brincadeira é um tipo diferente de pega-pega.

Regras

Uma pessoa é escolhida para ser a mamba, que vai ser o pegador. O professor desenha no chão um quadrado de 10 metros x 10 metros (tamanho ideal para 20 crianças). Durante a brincadeira, todos os participantes devem permanecer dentro dessa demarcação, mas tentando escapar da serpente. A um sinal, o jogo começa. A mamba tenta pegar os jogadores. Quando um é pego pela serpente, deve posicionar-se atrás da mamba, segurando-a pela cintura ou pelos ombros. Cada participante que é tocado pela mamba se junta ao último do "corpo" da serpente. Dessa forma ela vai ficando cada vez mais comprida. Se um jogador sai do quadrado, deve ser eliminado do jogo. Só a criança que é a cabeça da serpente pode capturar os jogadores, mas o "corpo" da fileira que se formou deve ser usado para interceptar ou atrapalhar os fugitivos. Os jogadores não podem cruzar o corpo da serpente. A brincadeira acaba quando restar apenas um jogador sem ser pego. E recomeça com esse sendo a mamba.

JOGOS DE TABULEIRO

Yote
Esse jogo da África Ocidental tem diferentes nomes de acordo com a região do continente em que é praticado. Atualmente é um dos mais populares do Senegal e suas regras lembram o jogo de damas.

Material

1 tabuleiro quadriculado com 30 casas (6x5)
1 dado
24 peões (12 de cada tipo - podem ser usadas sementes ou pedras)
Número de jogadores
Dois

Objetivo

Eliminar os peões do adversário

Regras

A partida começa com o tabuleiro vazio. Os participantes recebem 12 peões cada. Joga-se o dado para indicar quem inicia o jogo. Cada jogador pode colocar um peão em uma casa livre ou deslocar suas peças para uma casa vazia, horizontal ou verticalmente. Para capturar um peão adversário, é preciso saltar sobre ele, também na horizontal ou na vertical. A cada peão tomado o jogador pode retirar um outro do tabuleiro. Captura-se então dois peões a cada tomada. Ganha quem no final tiver mais peões do adversário.

segunda-feira, 1 de março de 2010

RELIGIÃO TRADICIONAL AFRICANA E A SOCIEDADE


Escrito por Ifatola

“Exclusão definitivamente da visão de uma inferioridade espiritual assumida de povos africanos por uma reavaliação de uma tradição dinâmica viva”.

Durante séculos, as religiões tradicionais africanas foram submetidas à mesma informação falsa, subavaliação e estigmatização básicas que foram reservadas e continuam sendo reservadas para as sociedades, culturas da África em geral. Esta estigmatização implica em um processo estruturado que ocorre a vários níveis.

Os primeiros e o mais evidentes desses níveis implicam a espécie de representações comuns da África, que são baseadas no assim, chamado sentido comum' de países ocidentais, isto é, aqueles conteúdos cognitivos que são provocados a falar, 'automaticamente', cada vez que uma pessoa é citada a falar, ou uma pergunta dada é feita.

Nesse caso, dizendo da África, uma imagem de um país belo e exótico com a sua natureza e paisagens não manchadas mas 'inevitavelmente' sofrendo com catástrofes naturais e humanas: as inundações, a fome, as guerras, os golpes, etc. que Africanos não seriam capazes de dominar, são facilmente evocadas.

Esta representação que era repetidamente dirigida às Sociedades Africanas e que será tomado em cima novamente na seguinte questão tem origens remotas e é constantemente reforçada e assim para falar, atualizada pela convergência dos mecanismos específicos aos meios de comunicação de massa e a falta do profissionalismo de muitos operadores de meios de comunicação que estão sempre na expectativa de estereótipos fáceis e convenientes bem como por estratégias geopolíticas a um nível transnacional, e pela conduta diária de professores, políticos, pesquisadores, conferencistas de universidade, ensaístas, pessoas religiosas, agências turísticas e até de vez em quando ONG de solidariedade e muitos outros atores que muitas vezes involuntariamente contribuíram para promoção de uma imagem da África como um país perpetuamente na preocupação e incapaz de dar-se sem ajuda externa.



A representação da África como um país destituído da sua própria dimensão espiritual profunda ou de uma religião digna do seu nome vai concluir, e até certo ponto justificar, este quadro feito de generalizações infundadas e alterado ou omitiu a informação; um quadro que descreve um continente cujos habitantes e as comunidades - pela maior parte considerada ser rural seria entrelaçado em um entrançado inextricável de ritos ancestrais muitas vezes cruéis e sangrentos, superstição, crenças absurdas e infantis e medos atávicos que bloqueiam as suas capacidades pessoais, iniciativa e possibilidades de desenvolvimento.



Outro nível a qual ocorre uma verdadeira estigmatização na África, especialmente quanto à sua tradição espiritual, é aquela da pesquisa científica, especificamente com referência a ciências humanas e sociais. A história da pesquisa em povos africanos como Brasil Davidson, entre outros, manifestou-se é de fato predominante com incompreensão, erros teóricos e metodológicos, e interpretações conseguidas e inertes que mpreenderam formas diferentes.

Um de esses é o Evolucionismo, que define religiões tradicionais africanas como a etapa "mais primitiva"da evolução espiritual dos povos, apresentando práticas que ele denomina ironicamente como "animista”, "'fetichista", "pagã", "totêmica", "idolátrica", etc. Isto sem considerar até a asneira clamorosa pelo qual os Africanos foram considerados durante séculos serem politeístas, enquanto na realidade se considera que os espíritos ou outras entidades às quais as suas religiões se referem atuam como intermediários entre um Deus supremo.

Tal aproximação interpretativa implica numa visão mono disciplinar, neste caso o exclusivo, e, além disso, muitas vezes puramente descritivo, o uso de etnologia e antropologia cultural. Isto resultou em fenômenos religiosos africanos, muitas vezes sidos trancados atrás de uma espécie de jaula de interpretação e examinados como se eles existissem em um vazio histórico ou, na melhor das hipóteses, como sinal da espiritualidade que, embora "autêntico", se limita a sobreviver cansadamente no mundo de hoje.

Além do mais, sempre houve uma tendência comum de interpretar e avaliar religiões tradicionais africanas que começam “de um local” específico, ou de práticas, que então são generalizadas sem uma razão válida. Este é o caso com certos ritos mágicos que, incidentemente, muitas das tais religiões são opostas as de figuras como os dos fetiches. Algo que ninguém sonharia da realização com outras religiões; ninguém, por exemplo, definiria a essência da cristandade pelas práticas devotas excessivas, em direção a um dado santo encontrado em áreas rurais ou sem embargo, isto é o que aconteceu, e continua acontecendo, quanto a religiões tradicionais africanas.

Por isso, a pergunta tem de ser feita quanto a se não devemos restabelecer alguns critérios de interpretação básicos, definidos e compartilhados de religiões tradicionais africanas, para se recuperar, portanto falar, de sua “dignidade moral”. O processo da reinterpretação de religiões tradicionais africanas começou como reclamações de Ejizu, há aproximadamente sessenta anos embora infelizmente demasiadas tarde para inverter o processo enraizado de estigmatização, tenhamos mencionado quando os primeiros trabalhos de uma geração de escritores africanos e eruditos, como Danquah, seguido por Boulaga, Ela, Mbiti e outros.

É com bons olhos que se vê a abundância de estudos de Web sites atualmente, dedicado aos estudos das religiões Tradicionais Africanas.

Neste sentido, uma fenomenologia inteira existe, pela maior parte encontrada em ambientes urbanos, por uma até maior consciência cultural e por uma busca de uma verdadeira identidade culto religiosa e também de alguma forma, por"restaurar" não somente a moral, mas também a dignidade interpretativa das religiões Tradicionais Africanas.

Texto traduzido e adptado por Ifatolà

Na terra dos crentes, o diabo tem nome africano


Por James Mytho.

Este é um artigo sobre Na terra dos crentes, o diabo tem nome africano.

Objetivos do artigo:


Mostrar como houve a construção do mito do diabo cristão e sua associação com os orixás;
Mostrar a ojeriza que várias igrejas cristãs têm pela religiosidade africana;
Mostrar o racismo que está por detrás disso;
Mostrar o quão intolerante ainda é o cristianismo.
OBS: O termo “crente”, neste contexto, refere-se aos religiosos em geral, e não apenas aos evangélicos.

“Houve, com o decorrer dos séculos, um sincretismo religioso, ou seja, uma mistura curiosa e diabólica de mitologia africana, indígena brasileira, espiritismo e cristianismo, que criou ou favoreceu o desenvolvimento de cultos fetichistas como a umbanda, a quimbanda e o candomblé”. (Orixás, Caboclos & Guias – deuses ou demônios ?, 15° edição, cap. 1, pág. 13) No livro “Orixás, Caboclos e Guias – deuses ou demônios ?”, Edir Macedo expõe a sua visão, e a de muitos cristãos, sobre o que representam as religiões afro-brasileiras em nossa sociedade. Mas, engana-se quem pensa que foi Edir Macedo o primeiro a demonizar essas religiões. Diversos outros pregadores, protestantes e católicos, já travaram lutas contra as “forças das trevas”.

Os cristãos, e em especial os evangélicos, geralmente, reivindicam para si a exclusividade da “comunhão com Deus”, desconsiderando os ensinamentos das outras religiões e filosofias. Contudo, o curioso é que o “diabo” nunca tem um nome grego, romano, escandinavo ou mesmo árabe ou chinês. É quase sempre um nome africano a designação dos espíritos das “trevas”. E este “diabo” é idealizado com as histórias mitológicas africanas, simbolizado com elementos litúrgicos africanos, e personificado em figuras místicas e antropomórficas também africanas.

Os deuses gregos não representam perigo algum aos ditos “cristãos”: “Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido ?” (1 Coríntios 1: 12,13) Mas, as divindades africanas são uma “ameça”: “Para evitar atritos com a Igreja Católica, os escravos que praticavam a macumba, inspirados pelas próprias entidades demoníacas, passaram a relacionar os nomes dos seus deuses ou, para ficar mais claro, demônios, com os santos da Igreja Católica. Assim, podiam escapar à grande perseguição que a própria Igreja Católica moveu contra eles (...)” (Orixás, Caboclos & Guias – deuses ou demônios?, 15° edição, cap. 5, pág. 44). Apolo: referência bíblica em 1 Coríntios 1: 12,13.


Culto a Iemanjá: algo “demoníaco” para muitos cristãos.
É certo que há uma rivalidade entre evangélicos, umbandistas e candomblecistas. Esta rivalidade é fomentada pelas pregações proselitistas de boa parte dos evangélicos. Os evangélicos, em especial os pentecostais, parecem ter elegido as religiões afro- brasileiras como seus principais adversários. Algumas igrejas pentecostais parecem ter isso como meta prioritária, não se cansando de “combater” aquilo que consideram como o “culto aos demônios”.

Os pentecostais usam de todas as formas possíveis para reprimir os cultos afro usando, inclusive, de preconceitos mesquinhos. Os mesmos preconceitos que, num passado recente, também eram vítimas. É que os pentecostais têm o seu projeto de poder (tal como a Igreja Católica no passado), e para validá-lo precisam eliminar qualquer adversário. E como eles não se acham fortes o suficiente para enfrentar a Igreja Católica, destinam toda a sua intolerância sobre a umbanda, o candomblé, etc... Contudo, não podemos deixar de falar da repressão religiosa empreendida pela Igreja Católica no Brasil até o início do século 20.


A construção do mito.
O diabo, na concepção cristã, é o ser espiritual que representaria o mal absoluto. Ele seria a origem de todas as desgraças existentes no mundo. O diabo também poderia ser compreendido como a antítese de cristo (ou o próprio anti-cristo). De qualquer forma, sua estratégia seria corromper a humanidade seduzindo os seres humanos de todas as formas possíveis. Portanto, teríamos uma espécie de “’batalha espiritual”, numa perspectiva mais fundamentalista. Por conseguinte, o cristão autêntico deveria combater o maligno de todas as formas, bem como não ceder às possíveis tentações. A idéia de um diabo, como um ser espiritual (ou transcendental), não é exclusividade do cristianismo. Contudo, esta religião moldou de uma forma bem peculiar esse “diabo”.

O diabo cristão não só tem formas antropomórficas, mas desejos, sentimentos, atitudes, e até ideais. Para justificar os possíveis intentos do demo, criam-se mitos, propagam-se lendas, e consolidam-se superstições. E este diabo cristão foi elaborado a partir das características dos deuses pagãos do “Velho Mundo”. Nas antigas religiões, os deuses tinham os seus mitos, e a sua justificativa social. Na mitologia grega, por exemplo, Hades era o deus do mundo subterrâneo, lugar onde todas as almas, as “boas” e as “ruins”, teriam o seu derradeiro destino.

Na Terra de Hades, havia um lugar chamado de “Campos Elíseos” para onde iriam as almas “boas”, era o caso heróis, dos adoradores mais dedicados, dos seres tidos como “mais evoluídos”. Mas, havia outro lugar chamado “Tártaro” para onde iriam as almas “ruins”. O Tártaro era semelhante ao inferno cristão, um lugar, portanto, de trevas, medo e sofrimento eterno.

Nas antigas religiões da Pérsia, Egito e Índia também havia a crença na imortalidade da alma, bem como um lugar reservado para os considerados pecadores. Entre os povos do norte da Europa (rotulados pelos romanos como “bárbaros”), a crença na reencarnação era mais comum. Todos estes povos tinham suas próprias representações iconográficas (imagens) acerca de suas divindades. Eram construídas estátuas e monumentos, quadros eram pintados, e ambientes eram decorados com motivos religiosos para o culto aos deuses antigos. Estes deuses podiam ser representados com uma imagem humana ou de algum animal dito especial.

Alguns dos deuses antigos tinham uma representação bem peculiar, tais como Cernunnos, o deus cornífero. Cernunnos tinha cifres em sua forma humanóide, e podia ter também a forma de um touro (ou algum animal forte e portador de chifres). Ele era um deus do panteão celta (povo europeu antigo), considerado como protetor e senhor das florestas.

Com o crescimento do cristianismo, os cristãos, outrora perseguidos, passaram a ser os perseguidores. Para justificarem os seus preconceitos, começam a demonizar os deuses das antigas religiões pagãs. Pouco a pouco, o diabo passou a ser vinculado aos antigos deuses. O diabo, antes um ser sem forma definida, passa a ter uma forma física, a saber: pés de animal, asas de morcego, rabo de boi, garras afiadas, enormes dentes, olhos grandes e ameaçadores, chifres, e uma cor quase sempre avermelhada, amarronzada, ou enegrecida.

O diabo também ganha alguns objetos de “ofício”, tais como o tridente, tumbas, caveiras, um cetro fálico, dentre outras coisas. Além disso, poderia ser representado numa carruagem de fogo puxada por bestas feras. Com o tempo, cresce a crença de que o diabo era o “senhor” da noite, dos prazeres “carnais”, e da morte.

É interessante dizer, portanto, que a imagem do diabo foi elaborada a partir dos elementos representativos de vários deuses ditos pagãos. Nada foi original, pelo contrário, o diabo enquanto ser mitológico cristão é um plagio de uma coleção de mitos, símbolos, e superstições dos povos da Antiguidade.

O entendimento do mito.
Ora, no “Novo Mundo” não seria diferente, pois o diabo cristão também adotou as feições dos deuses das religiões nativas antagônicas ao cristianismo. A principio, foram os deuses indígenas os primeiros a serem demonizados, tais como Anhangá (ou Anhangüera), um deus do panteão tupi-guarani, erroneamente identificado como um “espírito malfazejo”. Com a entrada maciça dos povos africanos, em substituição a mão de obra escrava indígena a partir do século XVII, foi a vez dos deuses africanos serem renegados.

Os europeus, em sua maioria, viam os povos primitivos (indígenas e africanos), como seres “inferiores”. Contudo, alguns europeus não se demoraram a tentar disseminar a sua religião, e conseqüentemente a sua cultura, entre os povos nativos. Ora, qualquer forma de discriminação se torna completa quando o discriminado adere à ideologia do colonizador. Não foi uma atividade missionária ingênua e desinteressada que introduziu o cristianismo (em especial, o catolicismo) em nosso continente. Mas, sim o poder das armas bélicas, e uma descaracterização cultural dos povos dominados, com um posterior processo de aculturação e dominação sócio-econômica.


Houve um processo de sincretismo religioso no Brasil, e em outras partes da América Latina. Mas, limitando-nos ao contexto brasileiro, podemos dizer que os negros africanos foram forçados a camuflarem as suas práticas religiosas para evitarem maiores hostilidades. Com isso, os orixás passaram a ser associados aos deuses católicos. O problema não é o sincretismo em si, pois é possível que duas religiões se complementem, tal como acontece com o xintoísmo e o budismo, no Japão. A questão é que a igreja católica sempre discriminou as religiões africanas, sempre as demonizou, de tal forma que não é coerente afirma-se, ao mesmo tempo, afro religioso e católico, pelo menos enquanto a igreja não rever seus conceitos.

Da mesma forma como várias entidades indígenas foram demonizadas, os orixás africanos também foram alvos de um estigma, e que foi imposto não por simples ignorância ou fundamentalismo religioso. Houve um processo de desumanização dos povos africanos que foram escravizados. Os europeus acharam que deveriam “civilizar” os povos nativos, mas, claro, impondo a eles a sua própria visão de mundo. O problema é que esta visão de mundo só agravou a discriminação, pois introjetou nos povos ditos primitivos um auto preconceito. Estes povos passaram a se ver como “pecadores”, destituídos de uma “graça” divina, e em casos extremos como “sujos” e dignos de uma punição.

A independência do Brasil não representou uma autonomia cultural e ideológica, pois as elites dirigentes se viam como uma extensão – uma filial da metrópole, digamos assim - dos antigos colonizadores, vendo-os como um modelo a ser seguido. Logo, a estrutura social continuou a mesma, e conseqüentemente a escravidão. Com o tempo, o povo passou a elaborar os seus princípios e a codificar os seus valores morais e sócio-culturais tendo por base o ponto de vista europeu. Isto em si não é de todo ruim, pois de fato os europeus fazem parte da composição étnica de nosso país. Porém, esta aculturação se deu num processo opressor e penoso para muitos brasileiros.

Exú: de orixá mensageiro a diabo cristão.
Segundo especialistas no assunto, dentre os vários orixás cultuados pelo povo nagô, aproximadamente, cinqüenta se consolidaram no Brasil. Convém destacar que a crença nos orixás é específica das populações nagô, que compartilhavam da mitologia iorubá. Havia etnias africanas com outras cosmovisões, inclusive alguns muçulmanos, estes, porém, em quantidade bem reduzida. Contudo, os orixás são as deidades africanas mais populares no Brasil.

Dentre os orixás mais incompreendidos está Exú (também conhecido como Legbá ou Elegbara entre outros nomes). Este orixá foi erroneamente associado ao diabo cristão ou Satanás. Tal equívoco foi fruto de uma incompreensão dos religiosos cristãos quando descobriram a religiosidade dos povos da África Ocidental.

Exu é o orixá mensageiro entre o orun (mundo espiritual) e o aiye (mundo material), e que era encarregado de levar as oferendas para os outros orixás, e trazer aos fiéis os recados deles. Exú também tinha a função de proteger os fiéis contra possíveis infortúnios. De acordo com o que se conhece da mitologia ioruba, Exú era um ser brincalhão, irreverente e astuto. Além disso, era o deus da fertilidade, o que lhe conferia uma certa sensualidade. Podemos traçar um paralelo entre Exú e o deus grego Hermes.

Hermes era um dos deuses do Olimpo, filho de Zeus e irmão de Apolo. Hermes tinha como uma de suas atribuições conduzir as almas até o rio Aqueronte (ou Estige, em algumas versões), lugar onde se encontrariam com o barqueiro Caronte para, então, as almas serem conduzidas ao reino de Hades. Portanto, Hermes era um deus mensageiro que mostrava o caminho entre o mundo material e o mundo espiritual, podia inclusive transitar entre os dois mundos. Exú, por sua vez, promovia o intercâmbio entre os dois mundos (apesar de não conduzir almas ao mundo dito subterrâneo). Exú não tinha qualquer ligação mitológica com lugares ”infernais”. Contudo, o deus grego é encarado como uma mera mitologia escolar, enquanto Exú ainda é visto como um “demônio”. Outra associação é possível: entre Exú e o deus grego Príapo.

Príapo era o deus da fertilidade, sendo representado por um falo humano. Segundo a mitologia, Príapo era filho de Dionísio e Afrodite (na versão mais aceita), e foi alvo dos ciúmes de Hera (uma deusa que não admitia que Afrodite fosse mais admirada do que ela). Hera fez com que Príapo nascesse com uma deformidade: um falo muito grande e desproporcional ao corpo. Exú, por sua vez, também era deus da fertilidade, e apesar das diferenças mitológicas, tinha uma representação fálica. Tal representação em si não é maligna nem benigna, sendo adotada, inclusive, por outras culturas. Logo, a possível conotação sexual de Exú não o torna indigno.


A libertação do mito.
Atualmente, vemos pregadores evocando os orixás em cultos exorcistas como se estivessem evocando o próprio Satanás. Pessoas em transe psicótico embravejam dizeres que teriam como autores “entidades” como Exu, Oxossi, Olorun, etc... Milhões de pessoas ainda acreditam que as religiões afro-brasileiras são religiões “satânicas”, e que devem as suas precariedades e sofrimentos às suas origens africanas. No aurora do século XXI, assistimos ao recrudescimento do preconceito em relação a religiosidade africana. Isto é, um grande aumento, e com uma aversão que é desproporcional a capacidade de defesa dos praticantes afro-brasileiros.

A aversão às religiões de matriz afro extrapola as barreiras religiosas porque ela está impregnada do racismo contra as populações africanas. Esta aversão é o resultado dos mais de 300 anos de escravidão, e de um processo de aculturação que fez com que os brasileiros elaborassem seus princípios e valores tendo como modelo o que era mais aceito pelos antigos colonizadores europeus. Logo, para ser aceito era necessário se parecer com os europeus, viver como os europeus, e crer nos deuses europeus. Não podemos entender o sincretismo religioso como uma mera camuflagem. Mas, também, e principalmente, como uma tentativa de fuga de uma possível opressão perpetrada pela sociedade. É o medo da reprovação social que faz com que as pessoas se digam católicas “não-praticantes”.

Foi a instituição religiosa Igreja Católica Apostólica Romana quem primeiro demonizou as crenças nativas africanas. E, atualmente, são as igrejas pentecostais as que mais se dedicam ao combate às religiões afro. Existem religiões pentecostais que têm na completa eliminação dos cultos afro um ideal a ser seguido. Evidentemente, isto não é uma generalização, pois há cristãos evangélicos tolerantes e sem preconceito. Contudo, é inegável que para muitos evangélicos o “diabo” tem nome africano. O curioso é que nas religiões pentecostais há grande percentual de afro-descendentes (pardos e negros), o que revela que a aversão aos orixás também extrapola as barreiras de classificação “racial”.

O futuro para as religiões afro-brasileiras parece ser incerto. Há algumas iniciativas de valorização e autodefesa, porém nada que seja um consenso entre os seguidores dessas religiões. Diante de uma perspectiva de futuro não muito animadora, o que poderia ser feito para acabar com um estigma secular ?

Penso que a melhor resposta só pode ser dada pelos praticantes dessas religiões, e que deveriam ser os principais interessados na valorização de sua religiosidade. No entanto, poderia tecer algumas considerações pessoais.


Entendo que as religiões afro-brasileiras, em especial o candomblé, deveriam passar por uma ampla reformulação de suas liturgias. Eles deveriam fazer um resgate da cosmovisão africana original, fazendo as devidas adaptações à sociedade atual (quem se prestaria melhor a este papel seria o Candomblé, pois a Umbanda já nasceu sincrética). Eles deveriam também adotar uma nova linguagem, tornando o seu culto mais compreensível – e simpático - para um público mais amplo e secular. Além disso, dar uma nova roupagem ao culto afro, tirando-lhe o seu aspecto tribal, e dando-lhe uma feição mais moderna. Os seguidores deveriam perder a vergonha da religião, assumindo- a integralmente (obviamente, sem perder o bom senso). São mudanças simples, mas altamente eficazes.

Os pentecostais até os anos 70 eram uma pequena minoria, e alvo de estigma e desvalorização. Hoje, os pentecostais são o segundo agrupamento religioso do país, obtendo um crescente poder político. Isto poderia acontecer com as religiões afro-brasileiras ? Só os praticantes dessas religiões poderão dizer...


Referências bibliográficas:

Prandi, Reginaldo. “Exú, de mensageiro a diabo – sincretismo católico e

demonização do orixá Exú”. São Paulo, Revista USP, 2001.

Prandi, Reginaldo. “As religiões afro-brasileiras e seus seguidores”. Rio Grande

do Sul, Revista Civitas, 2003.

Macedo, Edir. “Orixás, Caboclos &Guias – Deuses ou demônios”. 15° edição. Rio

de Janeiro, Universal Produções, 2004.

“O exorcismo é a atração da noite”. São Paulo, Revista Época, 2003.

Ministério Apologético Cristão – www.cacp.org.br

Wikipedia – www.pt.wikipedia.org

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