quinta-feira, 5 de agosto de 2010

“Quem precisa da identidade?”

“Quem precisa da identidade?” é um dos três ensaios do livro Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais que trata da questão da identidade e da diferença – centro da teoria social e da prática política na contemporaneidade. As antigas fontes de ancoragem da identidade (a família, o trabalho, a igreja, entre outras) estão em uma evidente crise. Novos grupos culturais se tornam visíveis na cena social, buscando afirmar suas identidades, ao mesmo tempo em que questionam a posição privilegiada das identidades até então hegemônicas.
Stuart Hall concentra-se em uma discussão da problemática da formação da identidade e da subjetividade. Evocando, entre outros, Freud, Lacan, Althusser e Foucault, Stuart Hall faz a importante pergunta: por que acabamos preenchendo as posições-de-sujeito para as quais somos convocados A resposta de Hall é exemplar de sua habilidade em utilizar a teoria cultural e social contemporânea para realizar refinados e certeiros diagnósticos sobre a condição da sociedade e da cultura contemporâneas. Sua análise crítica de Foucault (a partir da p. 118) é muito relevante.

Hall salienta que está acontecendo uma desconstrução das visões sobre a identidade em diversas disciplinas, as quais põem em crise a noção de uma identidade interal, originária e unificada. O viés desconstrutivista põe alguns conceitos-chave “sob rasura’. O sinal de “rasura” (X) indica que eles não servem mais – não são mais “bons para pensar” – em sua forma original, não-reconstruída.

Um conceito-chave é o de “agência”, que expressa a identificação como uma construção, como um processo nunca terminado, sempre “em processo”. A identificação é, portanto, um processo de articulação. Há sempre “demasiado” ou “muito pouco”, mas nunca um ajuste total. Mas o conceito principal é o de identidade, que não é, em Stuart Hall, uma noção essencialista, mas um conceito estratégico e posicional, ou seja, as identidades não são jamais unas.

Em suma, as identidades operam através da exclusão, da construção discursiva de uma exterioridade constitutiva e da produção de sujeitos marginalizados, na superfície exilados do universo simbólico ou do representável.
As pessoas perguntam em que linha teorica eu acredito,defendo ou sigo.Não sei ,so sei que na faculdade passei a gostar dos estudos culturais mais especificamente de Stuar Hall e gosto de seus trabalhos – como os seus estudos sobre preconceito racial e mídia que são considerados muito influentes e fundadores dos contemporâneos estudos culturais e afinal de contas “não existe um eu essencial, unitário - apenas o sujeito fragmentário e contraditório que me torno” (Hall, 2003: 188).

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