Lucas Carrasco* 
1. 
 No tempo dos avós dos seus avós 
 tinha outras diversões pra meninada 
 Os negros que vieram dos escravos 
 criaram o Batuque de Umbigada 
 Um tambú, um quinjengue e uma matraca 
 repicam a quizomba no terreiro 
 O cantador de modas contra-ataca 
 e risca um verso à dor do batuqueiro 
 Tietê, Capivari, Piracicaba 
 Rio Claro, Itu, Campinas, Sorocaba 
 Por pouco esse Batuque não acaba... 
 Com fé em são Benedito, o pé no chão 
 Pra não perder o ritmo, a tradição 
 Batuca no repique o coração 
 2. 
 O rosário é o seguinte, viu, meu filho? 
 Senta junto da preta que eu te explico 
 Faz de conta que os dedos são o bico 
 da galinha ciscando atrás de milho 
 Junta um depois o outro e forma o trilho 
 do caminho pra reza a Benedito 
 3. 
 Seja bem-vindo à nossa brincadeira 
 A batucada aqui é bem modesta 
 O ritual começa na fogueira 
 O tambor é o senhor de toda a festa 
 4. 
 Os zóio do menino enxerga o fogo 
 Aprende dos segredos do tambor 
 Viaja pelo mar pra Angola e Congo 
 Na ponta da flecha de caçador 
 O povo se junta em volta da roda 
 Atiça a fogueira da tradição 
 Chega o menino e ouve tudo as moda 
 E canta e bate palma e treme o chão 
 Menino Dito chama para a luta 
 O povo se levanta pra dançá 
 São Benedito benze essa disputa 
 E o Batuque renasce no congá ___________________________________________ 
(*) Lucas Carrasco trabalha com projetos editoriais. Como autor, ganhou em 2006 o prêmio PAC, 
da Sec. de Estado Cultura SP, com o livro infantil "Pindá, a Menina-Abelha - Realejos do Mar", 
sobre cultura caiçara. Como editor, participou do songbook "PretoBrás", livro de partituras do 
músico Itamar Assumpção, premiado pela APCA em 2007.









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